© Paulo Abreu e Lima

domingo, 25 de agosto de 2013

as gárgulas


Tal como uma gárgula do cimo de uma catedral gótica, que denodadamente anuncia ao mundo que há que refrear a alegria e a boa disposição – afinal os demónios andam por aí –, uma professora aposentada achou por bem, e decidiu por vício, avaliar o estado actual do meu blogue:
 
«Retomei a escrita no teu blogue, mas, como já confirmaste, não é para te adular nem engraxar - sou incapaz disso e há quem o faça na perfeição por mim - apenas para confirmar ou refutar algumas das tuas máximas. As fotos são sempre boas e só por isso já vale a pena ir ao blogue. Quanto aos textos, há os melhores e os menos bons, há uns clichés que se dispensavam. Sobretudo sobre Paris, cidade que não precisa de descrições, nem explicações. É uma cidade única, que se vive, não se descreve. E os franceses, continuam uns estupores chauvinistas?? Provavelmente instalado num belo hotel de cinco estrelas, nem dás por ela.... Boa estadia e sobretudo boa saúde.»

Feita a avaliação, devidamente avalizada e ponderada pelo "belo hotel de cinco estrelas" que, segundo a professora, me impede de descobrir os "estupores chauvinistas" franceses e ainda me impede de descrever Paris, adivinho a inscrição na pauta de uma nota resvés, muito à justa, por conta das fotos boazinhas:
 
Senhora Professora,
Muito agradeço o cuidado e, sobretudo, os avisos que por mero zelo velaram pela minha pessoa, mas terei de revelar algo que por certo lhe poderá ressoar como uma bomba: este meu blogue não está sob avaliação; não almejo tirar mais licenciaturas ou mestrados, e um PhD nunca esteve no meu horizonte, afinal o meu objectivo de vida nunca passou pela cátedra. Ademais, escreverei sobre Paris sempre que me apetecer, mesmo do quarto imundo dos fundos destinado aos garçons do bistro dos subúrbios onde me encontro.
De Paris, repleto de boa disposição,
Paulo