© Paulo Abreu e Lima

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

um mundo melhor

Ontem fui assim para as pessoas que me escutavam: calei e ouvi. Escutar as crenças dos outros pode ser um caminho aberto para um mundo melhor, todos o quereríamos. Se não ouvirmos os outros e as suas crenças, poderemos ficar para sempre agarrados a uma visão estanque da vida, conciliada unicamente à nossa evolução. Uma limitação sem destino nenhum. 

Ouvir convictamente que as pessoas nascem boas e que um dia vão deixar de se governar por dinheiro, é uma miragem que me parece um oásis no meio de um deserto. Escutar que o Lamaísmo encontrará brevemente a suprema existência, pela eliminação do sofrimento e do desejo que o permite, é um porto de abrigo. Sentir que a constante redução do Homem ao amor próprio não é um caminho definitivo, é o que eu necessito de escutar de todas as bocas do mundo. Ouvi ainda que a vida é eterna, e também gostei. Perpetua-me no seguimento Cesário Verde, com e a sua brilhante idealização de eternidade e melhoramento. A única coisa que eu não consigo encaixar nesta harmonia, é a individualidade do ser. A visão plena de um mundo idílico escapa-me à capacidade de ideação, não consigo conceber personalidades estantes e sem ambição. Aconselharam-me um retiro reflexivo respeitante ao assunto. Comer uma vez por dia, é o quanto me bastaria, e reduzir o meu corpo à simples existência de ser sem mais nada. Assustei-me, fiquei bloqueada, vazia de mim. Percebi o quanto estou a anos luz de distância de um mundo melhor. E nem necessitei de sair de mim própria, coisa que convenhamos, faz falta a muito boa gente que assume a questão.

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