© Paulo Abreu e Lima

quinta-feira, 8 de maio de 2014

votos

Vergo-me à ternura, à genuinidade e ao carinho, como quem se verga ao dinheiro, ao poder e à fama. Perco a compostura e denuncio-me a quem se abeira de mim e me transmite a calma de um sorriso franco, a saciedade de uma palavra cheia, um olhar centrado na dádiva do que se tem cá dentro. Ainda ontem bem cedo me deram um chocolate em forma de convite que não era mais do que simplicidade, vinha plasmado no terno rosto da missiva. Comi-o já noite tardia, em frente à lareira apagada, enquanto a degustação abençoava o rosto impresso dos noivos felizes, tal e qual água benta, Corpo de Cristo, Cálice de Salvação. Desejo-lhes tudo de bom quanto há no mundo, filhos, trabalho, amor, respeito, dedicação e tolerância. As baixelas de prata nunca cabem nos meus votos, com elas poderemos vir a morrer, no frio do cansaço. Com o resto viveremos para sempre na companhia, o estado de alma imprescindível, o que todos querem sem saber, o que poucos alcançam.

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