«Esta ilha negra e disforme apoderou-se dos meus sentidos. Tudo o que a principio me repelia, o negrume, o fogo que a devora, o mistério, tudo me seduz agora. O Pico é a mais bela, a mais extraordinária ilha dos Açores, duma beleza que só a ela lhe pertence, duma cor admirável e com um estranho poder de atracção.
É mais que uma ilha – é uma estátua erguida até ao céu e amoldada pelo fogo – é outro Adamastor como o do Cabo das Tormentas.»
Raúl Brandão, Ilhas desconhecidas, 1926
Em boa verdade, o Pico é uma ilha à parte, no epicentro de um arquipélago também ele à parte, uma paixão que nasce muito antes de chegar a Madalena e que inturgesce pelo Atlântico afora, uma força alucinante pelo abismo negro temperada pela cândida certeza de que já dele fazemos parte. Melhor que o Pico, só os picarotos. Homens e mulheres que abraçaram lava e produzem vinho, arrebanharam novilhos e fazem queijo, burilaram pedra e oferecem casa.
Sem palavras.....devias fazer um livro de fotos dos Açores....não para recordar, mas para viver....
ResponderEliminarEngraçado... Por uma questão chata (andaram-me a "roubar" fotos e a publicá-las como se não tivessem autor), nunca publiquei aqui no blogue as que considero as "minhas melhores fotos" - e, como a amiga Virgínia sabe, as boas fotos não são sempre as mais bonitas. Mas na semana passada recebi um amável convite para expôr. Não aceitei. Só o farei no dia que tiver argumentos para defender todo um conjunto que faça sentido.
EliminarBjs,
Meu caro Paulo
ResponderEliminarEstá a caminhar na minha estrada de há dois anos...
As fotos que então tirei não chegam a esta perfeição, mas a imagem que guardo desses lugares, está colada à sua.
Também eu, com um amigo imenso - na amizade e no olhar - subimos lá acima e vimos nada. Ou, vimos tudo, porque o ar e as nuvens, deixaram-nos a sua marca.
O Pico não seria a ilha escolhida para viver. Mas seria, certamente, uma opção para me recolher dos outros e me encontrar comigo.
"Les bons esprits se rencontrent toujours" dizia esse meu amigo. Ele sabia do que falava. Você também!
Les bons espirits se rencontrent toujours (muito menos presunçoso do que "Les beaux" de Voltaire), realmente. E fico tão contente que tenhamos chegado às mesmas conclusões, Amiga Helena...
EliminarAbreijos
Gosto das fotos, como não gostar? Mas aprecio ainda mais a sensação que descreveste. E agora aqui no fim fica um sorriso. Ou melhor, dois :):)
ResponderEliminarUsei Saturno, filho do Céu e da Terra, porque segundo a mitologia romana é precisamente pai de Pico, titã da agricultura. Claro que o baptismo da ilha não virá daí, mas não deixa de ser coincidente.
EliminarAqui no fim, fica um beijo. Ou melhor, dois :)