Não quero pressas, nem calmas morosas. Nada de supetões, nem de pausas sem fim. Traz só os olhos aspergidos, cansados de tanto ler. O cabelo melado, lambido por mim. Traz também as bochechas ainda quentes do travesseiro. E a voz, isso, traz a voz mandona e opinativa. Só isso, não tragas mais nada. Estou com alergia, sem olfacto, não te reconheço no meio deste sonho. Mas escuto-te bem, vá!, conta-me uma história, uma boa história, com princípio, meio e fim. Aliás, eu escolho o fim. Mais, sempre que te interromper, obedeces e repetes comigo tudo o que disser. Tudo, sem hesitar. Lembra-te que és tu que fazes parte do devaneio e desta vez, ao contrário de todas as outras, vou pôr fim ao labirinto palerma, onde afinal, pela espuma dos dias, já nem te encontras mais.
De todos os que já li, este é talvez, na minha opinião, o seu texto mais bonito. Gosto MUITO.
ResponderEliminarParabéns!
Beijinho :)
Isabel
Belinha, obrigado, mas não procuro estética. A coisa vai lá mais por imagens e metáforas. Neste caso, conflitos interiores, desassossegos, quem não os tem? Enfim, pequenos apontamentos. Mas obrigado na mesma, Senhora Professora :)
EliminarBeijinhos também para si!
Uma coisa não invalida a outra. A maneira como se exprimem os "conflitos interiores" e os "desassossegos" pode ser estética e nem por isso menos sentida. Diz a senhora professora. Um pouco na linha do "chega a fingir que é dor a dor que deveras sente"... :))
EliminarClaro :))
EliminarMas o que me leva a escrever nunca tem por desiderato a beleza, mas a vontade e a pulsão. E estas, por vezes, muitas vezes, podem ser feiinhas. "Mi aguardji" :)
Paulo
ResponderEliminarNão a mate. Não merece.
Os devaneios assim não se matam. Porque têm morte certa...
:-))
Cruzes, credo, Helena! Eu não mato nada, mormente devaneios aqui atrás da orelha, dos bons... Aliás, cada um tem os devaneios que merece, ou não é assim? :-))
EliminarBeijinhos meus.
Nem pressas, nem calmas morosas... Quererás o tempo certo e exactamente o que pediste. Os labirintos patetas morrem sempre que se matam os devaneios e se vive a vida, real. Estou certa? :)...
ResponderEliminar( Beijinho...)
Oh pá, certíssima, CF...! Certíssima, mas... os devaneios já não fazem parte da vida real? Hummm, olha que sim, olha que sim :)
EliminarBeijos
Fazem claro, e de que maneira... Não me parecia certa a morte da personagem, era isso. Há coisas, que nem nos filmes...
EliminarNem nos sonhos, quererás dizer. Já nos pesadelos tudo pode acontecer, mas desses não tenho tido. Não se "pesadela" assim...
EliminarIntrigante...faz lembrar as histórias do Paul Auster, mixto de realidade e sonho, crus e fantasmagóricos...
ResponderEliminarNão te reconheço nestes meandros literários...devia conhecer-te melhor...não devia?
V.
Nunca li Paul Auster, já falámos disso, portanto não se aplica.
EliminarE, sim, devia conhecer-me melhor. Inclusive, tenho a certeza que me conhece muito bem... há uns treze anos, por exemplo :)
Bjos