© Paulo Abreu e Lima

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

agora, escolha.

 
Quase tão difícil como a não opção, é a escolha sem saber para onde. Se da não opção surge uma prisão, da outra pode surgir uma indecisão presa a realidades viáveis, sem que saibamos qual delas é melhor. Nunca gostei de decisões fortes, muito embora a vida seja feita delas em qualquer momento. Seleccionamos empregos, zonas, destinos e caminhos, locais e viagens, pessoas ou bens. Todas elas podem ter uma carga significativa de ansiedade envolvida, basta que para isso projectemos o futuro nas possíveis decisões. Mas mais do que isso, muito mais do que isso, é se das escolhas depender de forma directa, a possibilidade de vida ou de não vida. Nos tratamentos do cancro, por exemplo. E agora? Será preferível sujeitar a possível cura ao conhecido e cientificamente validado, muito embora as hipóteses de sobrevivência sejam escassas? Ou, por outro lado, será melhor a incerteza de estudos em progressão, ainda sem resultados comprovados, mas com alguns casos de cura considerados perdidos na medicina mais convencional? E se a decisão, mais do que nossa, for com um dos nossos? A culpa é um dos maiores pesos que podemos encontrar, mesmo que em pleno estado de isenção da mesma. Olho, leio, inteiro-me, questiono-me, e no seguimento acabo por concluir, num ciclo sem fim, uma fraca constatação: nem sempre a liberdade de escolha é uma boa opção; algumas, muitas vezes, uma direcção indicada é tudo o que precisamos. É que quando há medo, a crença no outro é maior do que qualquer outra realidade. 

2 comentários:

  1. Grande verdade - "Quando há medo, a crença no outro é maior do que qualquer realidade", é como uma tábua de salvação.

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    1. Pois é. Por isso é tão delicado estar do lado de dentro da medicina... Não é para todos, não...

      Beijinhos

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