© Paulo Abreu e Lima

terça-feira, 11 de novembro de 2014

consagração

Efectivamente existem assuntos que dificilmente poderão ser discutidos em praça pública. Por se inserirem no âmbito do bom senso, da ética, do respeito e da crença. Não há fundamento legal absoluto que lhes valha, não há trilhos certos e conhecidos, não há padrão que nos salve a excepção, nem desvio que nos transforme a regra em conceito válido e apropriado. Por isso mesmo centram-se em perspectivas e convicções, aquelas que são individuais e indexadas ao íntimo de cada um, à visão de cada qual, à sentença particular da opinião. Se o painel souber ouvir, aí minoraremos os inconvenientes. Se os intervenientes souberem escutar, sem escárnio ou esgares diversos, poderemos debater e questionar. Se o respeito pela oposição for uma realidade, é o quanto nos basta para que a questão se fale, se equilibre, se trabalhe e encontre eventualmente um lugar onde morar. Caso contrário, é o trivial. O assunto transforma-se em contenda, caso de vida ou de morte, todos falam quando poucos escutam, e na conclusão encontramos o único sacramento passível de consagração: somos tão pequenos quanto a vida nos quer fazer ser, mas poderíamos bem ser um nadinha maiores.

2 comentários:

  1. Infelizmente muitos debates - sobretudo os da TV - são o espelho daquilo que de mais mesquinho existe em nós: o desejo de fazer prevalecer a nossa opinião contra qualquer argumento válido que se lhe oponha.

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    1. Exactamente Virgínia. Uma verdadeira vergonha...

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