© Paulo Abreu e Lima

terça-feira, 1 de maio de 2012

Hoje


Nestes últimos dias não compreendi muito bem quem, erguendo merecidas palavras de homenagem, fez sempre a ressalva «embora eu não seja da mesma área política, o Miguel foi uma enorme pessoa (…)». Não entendo esta reserva, nem a necessidade de a fazer. Um homem como Miguel Portas não carece deste tipo de cautelas, um Homem como Miguel Portas é muito maior do que a sua própria dimensão política – por mais apreciável e valorosa que tenha realmente sido. Aliás, acho que nunca me senti tão de esquerda como na semana transata. O seu legado político é a melhor parte de Abril. Conjuga determinação com tolerância; combatividade com respeito; igualdade com profunda consideração pela diferença. Respectiva e concomitantemente. Fossem todos os políticos uma décima parte do Miguel e Decência seria o melhor epíteto para política. Mas hoje dirijo-me especialmente à sua família, à Helena, por quem nutro uma desmedida admiração: grande parte daquilo que o Miguel foi é da vossa responsabilidade. Como pais e como irmãos. Assim como grande parte do que os filhos do Miguel serão é da responsabilidade do seu pai. Sois uma família exemplar, alicerçada em inalienáveis valores absolutos, que privilegia e enaltece qualquer português. A outra parte é intrinsecamente do Miguel. E na hora da sua despedida, ao dar indicações muito precisas de como queria ser lembrado e homenageado, mitigou de certa forma o desespero e a angústia dos seus: façam isto e onde quer que esteja, estarei feliz. Ao amor correspondeu com amor.

13 comentários:

  1. Meu querido Paulo, bem haja pelas palavras que escreveu.
    Isto irá, diria o Miguel. E vai. Retomo hoje, na Feira do Livro, a minha vida de trabalho, com o novo livro que saíu. No dia em que ele faria 54 anos! Obrigada.

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    1. Querida Helena, só descansarei quando lhe der o abraço e o beijo que lhe são devidos.

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  2. Só o conheci publicamente, mas sempre tive o desejo interior pertencer ao seu círculo, já que ele indubitavelmente pertencia à intimidade do meu!

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    1. Sabe, Manuel, o irónico desta vida (pública) é que todos achavam o Miguel Portas um exemplo, uma excepção, um caso à parte. Mas ninguém o terá dito antes da sua morte. Publicamente.

      Um abraço amigo

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  3. Helena:

    Não nos conhecemos, mas só queria deixar aqui estas palavras. O Miguel era muito parecido consigo. Tocou-me fundo a homenagem a que assisti pela televisão. Obrigada pelo vosso exemplo e pelo vosso Filho.

    Virgínia

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    1. Concordo consigo, Amiga Virgínia.
      Beijinhos,
      Paulo

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    2. Virgínia:
      Ele e o irmão são melhores do que eu. Acredite!

      Helena

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  4. Que importa de que partido era o Miguel? O que importa, é que foi um homem coerente, humano, simpático.
    O que importa, é que tem uma família, amigos e muita gente que o respeitava, por ser como era.
    O que importa, é que deixou pais, filhos, irmãos, que lhe sentem a falta.
    A mim, faz-me falta o sorriso do Miguel.
    Maria

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    1. Exactamente, Maria!

      A mim, faz-me falta aquela candura com que se dirigia às pessoas em casa e explicava, sem qualquer laivo professoral, o que era afinal o QREN. Preocupava-se com as pessoas.

      Grato pela partilha.

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  5. Para mim, era mais um, mas agora fiquei a saber, que era uma pessoa fantástica!

    Beijo da Nita.

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    1. Olhe que não, Nita. Penso que se via bem que estávamos perante alguém muito diferente. Desde sempre.

      beijo do Paulo, ora.

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  6. Muito bonito o seu texto sobre o Miguel!
    Isabel Mouzinho

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    1. Como todos nós, preferia não tê-lo feito. Obrigado.

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