© Paulo Abreu e Lima

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

ter medo

Às vezes, muitas vezes, palmilhamos os nossos medos em busca de respostas sublimes, quase deificadas, que nos acarreiem a dose certa de coragem para justificar um por um os nossos passos. Às vezes encontramo-las, outras não. Encontramo-las quando se nos afiguram nítidas, perfeitamente plausíveis e meritórias. Não as vislumbramos quando obnubiladas pelo ruído e pelo desencanto da contradição. Por isso, muito mais razoável do que tentar encontrar respostas nos medos, deveríamos tentar descortinar as verdadeiras perguntas, tal e qual a insaciável idade dos porquês. Porque se fazemos isto ou aqueloutro, assim e não assado, não é no domínio das justificações que encontramos fundamento, mas no das cogitações onde estagiam todos os atrevimentos.


23 comentários:

  1. Mas este caminho que nos apontas parece tão convidativo. No streets paved with gold, I know!

    And there's some light at the end of the tunnel...you can breathe at last.

    Adoro a foto, queria tanto ver o que está do outro lado! Quando é que nos mostras, Paulo?

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    1. Eu sabia que a sua curiosidade ia por este caminho :))
      (O que está do outro lado é lindo, Virgínia. Um dia eu mostro...)

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  2. Paulo, concentro-me na fotografia, pode ser? Olha, porque sim. Tem um caminho. Bonito, luminoso e colorido. Gosto dele, basicamente é isso. Muito...

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    1. Gostas...? E sabes o que está do outro lado? Alguém sabe? É importante que se saiba? Não bastará [o caminho] ser «bonito, luminoso e colorido»? Muito...? :)

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    2. Peço desculpa por me "meter na conversa", mas concordo com o Paulo. O caminho é, quase sempre, mais bonito e aliciante que o destino (digo eu, sem certezas, porque nunca nada é definitvo...)
      Beijinhos

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  3. Muito bonito, como sempre!
    E que bom é vê-lo de volta à escrita. :)
    Beijinho
    Isabel Mouzinho

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    1. Eu e a escrita andamos zangados, Isabel. É coisa bera, mas não definitiva...
      Beijinho,

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    2. Espero então que a reconciliação esteja para breve!... Gosto mesmo do que escreve. E das fotografias também :)
      Beijinho

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  4. Já te dei tempo para passares para o outro lado. EU QUERO VEEEEEEEER!!!

    Btw, passa pelo meu blogue, gostaria que lesses algo que escrevi tb a pensar em ti!

    Bjo

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    1. Sabe perfeitamente que jamais passarei para o outro lado, Amiga... :)

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  5. Paulo
    Não sei se concordo consigo. Não sei se o que interessa são as perguntas. Os medos existem. E condicionam-nos. Será que a interrogação é mais importante do que a sensação? Duvido.
    Ter medo é ter consciência. De nós próprios e do mundo que nos rodeia. E da nossa imensa fragilidade.
    Interessa saber porquê? Nalguns casos, sim. Noutros, nem tanto. Primeiro, registo o que sinto. Depois, eventualmente, poderá interessar-me porque sinto. Mas isso não altera o sentimento. Apenas o torna mais perceptível.

    Abraço

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    1. Helena,

      Não creio que ter medo é ter consciência tout court. Muitos medos vêm do tudo e do nada. Mais do que a consciência, surge o instinto irracional e, quantas vezes, sintomático, pelo que a interrogação pode mitigar a má sensação e, aquela, sim, bastante mais consciente.

      Abreijo Amigo

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    2. Hum, hum...
      O medo raramente é irracional. Ao contrário.
      Porque é que eu tenho medo de sofrer? Porque racionalmente sei que a minha capacidade de suportar a dor é limitada.
      Porque é que se tem medo das guerras?
      Porque é que se tem medo do compromisso?
      Porque é que se tem medo do futuro?
      Porque é que se tem medo de ousar?
      O que é que a interrogação mitiga o meu medo de sofrer?
      Hum, hum!

      :-))

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    3. Há uma distrinça, para mim crucial, entre o medo e o receio. O primeiro é instintivo, irracional. O segundo é consciente, racional.
      Não temos medo de sofrer: temos receio, porque antecipamos dor.
      Não temos medo de guerras: temos receio, porque sabemo-las funestas.
      Não temos medo do compromisso: temos receio, porque não garantimos capacidade plena de reciprocidade.
      Não temos medo de ousar: temos receio das consequências.

      Mas temos medo do futuro, porque não o conhecemos de todo!

      Conhecer as interrogações mitiga o medo e transforma-o em receio, e este é, sim, consciente: sabemos donde veio e porque o temos.
      Hum , hum...

      :-))

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  6. Essa destrinça, meu caro Paulo, é curiosa.
    Medo do amor ou receio de amar?
    Medo da paixão ou receio de me apaixonar?

    Prefiro o medo. Que me pode sempre levar a querer vence-lo. O receio é medíocre, uma espécie de não e de sim. O receio faz dar um passo em frente e outro para trás.
    Ao contrário de si, considero que o receio é instintivo e o medo é racional.
    Quando o Filho diz ao Pai "porque é que me abandonaste?", Ele tem medo, não tem receio...
    Por uma vez estamos em desacordo.

    Abraço

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    1. Quando o Filho diz ao Pai "porque é que me abandonaste?", Ele tem medo, sim. Na Religião não há receios, só medos! E com quem aprendi? Com excelentes pontífices Jesuítas. No Pagão, como na Religião, só existem medos, muitos medos. Receio é modernice Iluminista, coisa de filósofos desocupados :-)

      Medo do amor e receio de amar.
      Medo da paixão e receio de se apaixonar.

      Não estamos em desacordo, Helena. Basta trocar o significante e encontramos o mesmo significado. Por si, troco receio por medo ao primeiro olhar... :-)

      Abreijo

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    2. Paulo, meu caro, com essa última tirada, que fazer senão ir ao chão?!
      Sempre fui muito sensível ao primeiro olhar…..
      :-))
      Bjo

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  7. Olá Paulo,

    Li o seu texto, com atenção, mas a interpretação que lhe fiz, é a minha e não a de mais ninguém.
    Gosta de Filosofia e/ou Psicologia?
    Parece-me que "entrou" por aí, mas sabe, os pensadores, pensam, passam a redundância, à maneira deles e pronto, livro editado e assunto arrumado.
    Quando comecei a ler os comentários e respostas, pensei que estava no Face, que não tenho, por opção.
    Pois receio é bem mais "pequenino" que medo. Medo, nunca traz receio, diz-se, frontalmente.

    Gostei das "cogitações onde estagiam os nossos atrevimentos". É tão bom "não cumprir um dever"! E depois, queremos nós lá saber.

    Voltarei para ler a sua resposta, visto que não se desloca (comodismo/superioridade?) a todos os blogues, mas a poucos, direi mesmo, segundo tive oportunidade de observar, mesmo agora, que lhe deixam opiniões.

    A foto pode ter tantas interpretações, e logo agora que tanto se fala da "luz ao fundo do túnel".

    Saudações.

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    1. Olá, Luz.

      Vejo que tem uma interpretação muito peculiar do que escrevi e, principalmento, do que não escrevi: certos textos, como certas pessoas, prestam-se a isso.

      Constato, igualmente, muito atenta às minhas incursões pela net e m'espanto com asserções interrogativas sobre as mesmas. Acha, por exemplo, que não me desloco a outros blogues por comodismo e/ou por superioridade. Não quer fazer essa pergunta a quem me comenta? Se o fizer terá sim uma desconcertante surpresa, garanto-lhe.

      Cordialmente,

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  8. Adorei o local que a fotografia nos mostra. Fiquei cheia de vontade de estar naquele tunel, já ali mesmo na curva, sem medo e sem receio para ver o que estava no 'virar da curva' .... só pode ser um sítio lindo!!!

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    1. É de facto um local mágico. Um dia destes, porei à "votação" uma sequência de fotos sobre qual será a verdadeira visão depois de atravessado o túnel... :)

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