© Paulo Abreu e Lima

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Cascatas e cachoeiras portuguesas (ii)

Esta merece música:
 
 
O nome do local não augurava nada de bom: Silva Escura. E o nome da cascata dava azo a diversas aliterações: cabreira, cambreia, cabrunheira, cabr... bom, nunca acertava no nome da maldita. Mas tudo o que é belo é simples. Uma minúscula aldeia cuja única rotunda (há sempre uma rotunda onde há um português) era um pedregulho, quiçá caído de um transitário que por lá se descuidou. À volta, um café central (uma redundância, porque naquele sítio tudo é central), uma farmácia e um pavilhão polidesportivo (eu  é que não sou o presidente da junta). A menos de um quilómetro de distância e duzentos metros de profundidade estávamos nas Caraíbas.
 
Cascata da Cabreia, Sever do Vouga
 

17 comentários:

  1. Que local paradisíaco e aqui a 200 kms....o problema é os acessos, que só a jipe ou a pé, não é?

    Fotos maravilhosas, onde se sente a textura da terra, das pedras, da espuma, dos pauzitos que rolam. A densidade do arvoredo é verdadeiramente incrível num país meridional. O nosso país é lindo, só é pena não o aproveitarmos devidamente.

    Obrigada pela partilha adoro ver fotos nos blogues, por mim todos os blogues tinham fotos ou videos!:)

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    1. Aí, do Porto, não chega a setenta quilómetros... e nada de jipes, fui de carrinho bem rasinho ao chão. Claro que há uma parte pedestre, mas nada de especial, uns cem metros, por aí. O nosso pequeno país está repleto de biodiversidade, a questão é que as pessoas só gostam de praia de águas geladas e multidões lambuzadas de creme. Quanto a não gostar de "águas leitosas", prometo, nesta série, uma cascata de águas cristalinas e transparentes. Me aguarde :))

      Bjos,

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  2. Soletrar o nome da dita parece-me um mero pormenor. Já vê-la correr como se vê, principalmente nessa foto aí do meio, deve ter que se lhe diga. Engraçado, agora me lembro que já estive quase quase, a ir aí, e acabei por ficar em terra. Devo considerar que deveria ter ido, certo? Vá, faz-me inveja que eu deixo...

    Beijinho

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    1. Certo, CF, deverias ter ido. Os raios solares por entre as frestas das folhas das árvores verdíssimas, o cheiro a seiva viva e o odor fresco dos seixos e penedos só te faziam bem aos pulmões, pele e alma, tudo incluído. Depois, a água tépida, revigorante, não tem par em nenhum SPA citadino - também havia barro azul e morno para as espinhas... :))

      Beijinho

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    2. Fizeste inveja, pronto... Devia ter ido, já percebi. Para a próxima irei com toda a certeza, nem que para isso tenha de subornar quem da outra feita me deixou em terra... Quanto aos SPAS citadinos Paulo, nem parece teu dizeres-me tal coisa. Sou campónia, sabes disso, prefiro mil vezes os naturais. Desses assim, que subidos a preceito tonificam as imensas desgraças escondidas no Inverno. Quanto ao barro azul, dispenso. Prefiro mil vezes o cinzento, da encosta da Nazaré. Hábitos de infância, deves perceber... :)

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  3. Muito bonita, também, mas, mesmo sem música, fico com a primeira. Pode ser? Não sei, gostei mais... ;)

    (Já agora, Paulo, uma curiosidade linguística: qual é a diferença entre cascata e cachoeira? Para mim, seriam sinónimos e cachoeira seria a palavra da variante do português do Brasil. Mas fiz uma rápida pesquisa e encontrei uma explicação segundo a qual cachoeira era a água que caía direita e a cascata em terreno irregular, entre pedras. Bom, como me parece um entendido no assunto, o que me diz?)

    E pode mandar mais cascatas, por favor...
    Beijinho :)
    Isabel

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    1. É muito mais pequena, mas claro que pode ser :)

      (Não sou, como calcula, nenhum filólogo, mas assevero-lhe o seguinte: cachoeira é uma palavra portuguesíssima de Portugal, também usada no Brasil, e que significa exactamente o que refere, quedas de água direitas, sem sinuosidades - como a cascata. Uma cachoeira grande, de grande altitude, chama-se catarata. Há uma em Portugal continental e algumas na Ilha das Flores)

      Beijinho :)

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    2. E, sendo assim, presumo que a Isabel prefere as cachoeiras (como a primeira) às cascatas (como esta). Certo...? :)

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  4. Não, que não sou assim tão radical. Prefiro ESTA cachoeira a ESTA cascata. Talvez por causa da fotografia...

    (Obrigada pela explicação. Muito esclarecedora, senhor doutor filólogo, sim! :P)

    Mais beijinhos :)

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  5. A minha preferida é a segunda, talvez por causa da vegetação que a envolve.

    Estás enganado, Paulo, sei de muitas pessoas aqui do Norte que viajam ou passeiam pelo interior, conhecem Trás os Montes, Beiras a fundo, deslocam-se ao Gerês amiude e adoram o campo, a natureza, etc. O meu Pai, por exemplo fazia viagens de carro todos os anos por zonas do país como o Marão, a zona do Dão que ele adorava, Vidago e outras termas, conhecia Portugal de lés a lés. Quando estive na Sertã durante dois anos, fiquei a conhecer toda a zona do centro, o Zêzere, que é lindíssimo, os pinhais , etc. Quando estive em Chaves outros dois anos, fiquei a conhecer Montalegre, Boticas, Valpaços e todo o nordeste.

    Adoro praia, mas não é dos cremes, nem das areias. Do que eu gosto é do mar, nada como um banho de água gelada aqui no norte para nos pôr rijos. É melhor que todos os spas do mundo......))

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    1. Por mim até prefiro que o pessoal vá todo para as praias gélidas (Ó Virgínia, aqui estamos em desacordo, a maioria das nossas praias são banalidades de areia grossa e ondas perigosas - boas para o surf e afins. Poucas são realmente especiais e estas encontram-se na costa vicentina e algum Algarve). Enquanto vão assar como torresmos, os outros vão descobrindo estas lagoas, praias fluviais e cascatas. Como o seu pai há poucos, um homem com vistas largas e apreciador do que realmente é bom. Veja lá se ele não preferiu construir uma casa junto às rochas e a uma praiinha, em vez daquelas praia do sotavento que bem conhecemos...

      Bjos,

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  6. Sim, tenho um fetiche pelas praias vicentinas, sobretudo a Santissima Trindade, como lhe chama um amigo meu, Castelejo, Cordoama e Barriga, lá sinto-me outra, aquele ar é místico, as rochas negras e o mar - o mar donde sobre um nevoeiro de espuma é completamente mágico. Um dia ali repressnta quase uma viagem no espaço.

    Já a nossa Luz é um local de convívio e já representou mais para mim.....como para ti, julgo eu. Mas sinto-me segura e feliz.

    Gostava de conhecer melhor o nordeste, pois há muitos anos que lá não vou e as estradas são bem melhores....irei a Castelo Branco no dia 13 fazer uma sessão e gostava de voltar à Sertã, que nada tem de especial a não ser uma ponte romana, mas para mim foram 2 anos de Portugal profundo.

    Não te sabia tão amigo da Natureza virgem....estou a descobrir um novo Paulo, de que gosto ainda mais. Tive um amigo que até aqui em Valongo sabia de locais paradisíacos, nas Serra da Freita, na serra do Alvão ( por onde passei mais de 50 vezes em 1978). O Marão tb é lindo e fui lá com 7 anos com os meus pais para a pousada.....

    Um beijo do tipo cascata:)))

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  7. Só para complementar o que bem disseste do meu Pai, sabes que em 1964 éramos para passar 15 dias em Albufeira num apartamento alugado. Ao fim de dois mudámos para Sagres- com os sete filhos que ainda viviam em casa - para o Hotel da Baleeira - pois detestámos Albufeira e tudo o que aquilo representava na altura.....agora ainda é pior......:))

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  8. Paulo, eu e o Algarve somos pouco compatíveis. Não gosto de água tépida. Gosto dela fria e batida, mas sem ondas de surfar. Enfim, gosto do que é um pouco selvagem e natural. E se possível, pouco habitado. É isso que me descansa, descontrai e faz feliz.
    Questão de feitio de quem já viveu muito, seleccionou alguma coisa e tem idade para saber o que lhe dá paz e prazer, dois dos mais importantes sustentáculos da nossa vida.

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    1. Paz&Prazer soa maravilhosamente bem, Helena.

      Beijos

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  9. Conheço, já lá estive, adorei mas olhe que as suas fotos ainda são mais bonitas :)

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    1. Imaginei que sim, afinal pertence ao distrito de Aveiro...

      Beijinhos e obrigado! :)

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