© Paulo Abreu e Lima

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

lideranças


Há muito deixei de achar a capacidade de liderança um dom. Não me apraz que me sigam, que me admirem, que me rodeiem, que dependam de mim em tudo o que ultrapasse o limite do aceitável. Houve tempos em que as fileiras de meninas me engrandeciam o ego, em que os elogios da roupa me desfaziam em graça, em que a solicitação de uma ideia me deixava detentora de um lugar maior, devidamente premiado a medalhinha de mérito, no pódio da popularidade. Com o tempo percebi que em grande parte das vezes a autoridade social é o resultado de uma fraqueza de quem segue, e não a consequência de uma supremacia de quem guia. Bem vistas as coisas, e o nível será mais ou menos o mesmo, só mudam as sequências de destaque: na ausência de direcção, o sectário procura outra; na falta de seguidores, o guia pode, por inquietação, desmoronar.

9 comentários:

  1. TERESA PERALTAdezembro 13, 2013

    CF, concordo com a sua análise. Mas, também quero adiantar que para além das mútuas fraquezas que daí advêm, terá ficado, para uns, o prazer de liderarem e, para outros, o de serem liderados. Nada se perde ....
    Abraço :)

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    1. Teresa, em ambos os lugares haverá lugar a proveito. O que eu acho, e para além do que disse, é que nem sempre o líder tem uma posição de privilégio... Muito embora se pense, na generalidade, que sim... Um abraço para si também. :)

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    2. TERESA PERALTAdezembro 14, 2013


      Acredito, CF. Nem sempre o líder se encontra numa posição privilegiada, sobretudo quando não sente prazer naquilo que faz, ou que é obrigado a fazer, pela inerência do próprio cargo.
      Outro abraço :)


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  2. Liderar pessoas ou classifica-las com vista a distingui-las entre si é trabalho que já executei e de que não guardo a mínima saudade. Ambos impõem autoridade e esta não é um exercício agradável para ninguém, embora exista quem o exerça com muito gosto!
    Bjo

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    1. Sou obrigada a fazê-lo com alguma frequência, em situação profissional. E muito embora existam muitas formas de liderar, algumas menos fortes, faço-o sem gosto, com alguma renitência, porque tem de ser. É Necessária alguma autoridade, sim, coisa que, tal como diz, não é agradável para ninguém. Quem a exerce com gosto, normalmente, fá-lo por questões muito próprias, por vezes difíceis de aceitar. Um beijo para si também. :) Bom fim de semana.

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  3. Concordo em absoluto: a capacidade de liderança como não sendo um dom. Por várias razões. E não gosto de quem gosta - e quando se nota ostensivamente que gosta - de liderar. E isso do seguir, concordo. Ainda no outro dia estava a pensar isso quando vi gente "comum" com followers no Facebook. Gente a quem não reconheço qualquer tipo de inspiração, mas enfim... Eu sou mesmo dura de roer, aí. Para admirar alguém, ui... :) Não admira que depois também não seja admirável :) :) Merry Xmas, Carla :)

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    1. Ora Fátima, ser admirável é um desperdício de tempo. Quem vive muito nessa admiração, é normalmente uma pessoa frágil, sem tirarmos disto abusivas conclusões. E pode ser uma posição delicada, sim, mesmo quando a dita liderança tem qualquer coisa de genuíno...

      Bom Natal para ti e para os teus. Com tudo o que a quadra nos lembra de bom. Um beijinho :)

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