© Paulo Abreu e Lima

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Nazaré, 2 de Fevereiro de 2014: as ondas que McNamara não cavalgou

«No extremo do Promontório do Sítio, que cai a pique sobre o mar, mandou D. Sebastião construir, em 1577, a Fortaleza de S. Miguel, destinada a defender a enseada dos ataques dos piratas argelinos, marroquinos e normandos. Filipe II, cerca de 1600, mandou reconstruir a primeira fortaleza de acordo com a planta do arquitecto florentino João Vicente Casale. Após a restauração da monarquia, D. João IV ordenou a sua remodelação e ampliação, dando-lhe o traçado que ainda hoje conserva. É um notável monumento militar maneirista, característico da defesa da costa, com planta longitudinal irregular adaptada ao promontório sobre o qual assenta. Possui um baluarte em cada ângulo, grossas muralhas diversas vezes restauradas, com contrafortes, ameias e frestas, dispondo de uma original Praça de Armas no 2º piso. Por cima da porta de entrada, sob um lintel, uma imagem em baixo-relevo de S. Miguel Arcanjo e a legenda “El-Rey Dom Joam o Quarto – 1644. Durante a 1ª Invasão Francesa (Junot – 1807/1808), esteve ocupado por soldados de Napoleão I, que a população do Sítio e da Pederneira ajudou a expulsar, tornando-se assim num símbolo da resistência popular. Desde 1903 está aqui instalado um Farol de auxílio à navegação que, actualmente, tem um alcance luminoso de 15 milhas, sendo completado por um sinal sonoro de aviso em dias de nevoeiro intenso.»  
 * Pesquisa, compilação e adaptação de TEIXEIRA DA SILVA, AJ.

O farol da Nazaré situa-se 50 metros acima do nível do mar e as fotografias foram tiradas "a pique", isto é, de cima para baixo, fazendo parecer as ondas menores.

Sobre o famoso "Canhão da Nazaré": «Em poucas palavras, os canhões submarinos como o Canhão da Nazaré, modificam o modo como a ondulação se propaga, permitindo a existência de zonas na proximidade do canhão onde a onda converge e se amplifica. Ao largo da Praia do Norte, este processo parece ser reforçado por correntes costeiras que se opõem às ondas e pela diminuição rápida do fundo que a onda sente ao passar do canhão para a plataforma próximo.» [Daqui]

Ou seja, as maiores ondas não são "surfáveis", propagando-se muitas vezes perpendiculares à costa com cristas e cavas anómalas. Mas sempre espectaculares.

 



Reparem naquele "portão de Neptuno" entre a espuma

Garrett McNamara, muito simpático, depois de eu lhe dizer que era seguramente o havaiano mais popular em Portugal, a significativa distância de Obama.
Ei-lo em acção. Uma ondinha de 15 metros para experimentar a prancha nova...
 
Nota final: peço desculpa pela assinatura das fotos posicionar-se quase a meio destas, mas, como calculam, são facilmente transaccionáveis, digamos assim.

8 comentários:

  1. Paulo
    Fiquei sem fôlego perante uma tal manifestação da natureza!

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    1. E nunca a Natureza será completamente dominada pelo Homem, Helena.

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  2. Desta vez, confesso, fiquei sem palavras. Detive-me longamente nas fotografias que olhei uma vez e outra e outra, durante muito tempo, enquanto ouvia a música que tão adequadamente as acompanha. Tudo grandioso! A natureza no que ela tem de mais indomável e de mais belo e a sua arte, Paulo, que no-la revela com a sua sensibilidade de artista e a torna quase ainda mais imponente e sublime. E só depois passei para o texto, esclarecedor e instrutivo, tão caracteristicamente seu.

    Diante de tudo isto, que fazer senão agradecer-lhe esta maravilha nos faz esquecer tanta coisa e nos reconcilia com o que há de bom no mundo e na vida. E pedir mais, já agora, se não for pedir muito...

    (Quanto à nota final não tem que pedir desculpa de nada, nós percebemos tudo e faz até muito bem) ; )

    Beijinho :)

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    1. Isabel,
      Tenho pena de não ter escrito com as mesmas imagens outro tipo de texto - maldito tempo que nos escoa pelos olhos. A Natureza e a sua força são muito poéticas.
      Fiquei muito contente que tivesse gostado.
      Beijinho :)

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  3. A força da natureza é algo que sinto profundamente. Não sei explicar.
    Sinto um misto de pequenez, medo, espanto, superação... muitos, e fortes, sentimentos contraditórios!

    Aquele momento inacreditável que o Paulo eternizou na sexta fotografia ... maravilhoso!!!

    Não sei o que faz com que certas pessoas saibam viver a natureza desta forma, mas confesso que sinto, cá no fundinho do meu coração, uma inveja saudável!
    ( Nota : esta da inveja saudável é porque me ensinaram que ter inveja é feio. Assim, sendo saudável fica menos feio ...  )

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    1. Quando a Maria João escreve "Não sei o que faz com que certas pessoas saibam viver a natureza desta forma", está a referir-se a McNamara, certo?

      Pois acredite que ele tem quase um temor reverencial àquelas ondas e sabe que a maioria não são surfáveis (como as que fotografei) pois ou são demasiadamente grandes, ou muito irregulares. Muitas vezes ele não surfa, mas anda de moto de água a ajudar quem se aventura e tem especial preocupação em sensibilizar quem se aventura de uma forma inconsciente, querendo a todo o custo superar o recorde mundial que ele conquistou há dois anos.

      (de facto, a sexta foto é um achado: como é que no meio de toda aquela rebentação se abriu na perfeição aquele imenso portão... mistério!)

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  4. TERESA PERALTAfevereiro 09, 2014

    Só agora dei com esta maravilha! E, até fiquei sem fôlego, perante as imagens desta força arrebatadora da Natureza. Nada se lhe compara!...
    Mais uma vez, muitos parabéns Paulo.

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    1. Muito pouco do mérito é meu, Caríssima Teresa. Tudo "mérito" desta avassaladora Natureza...

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