Somos um número indiferenciado na matemática do mundo. Representamos uma ínfima parte de uma totalidade que se gere em torno de dinheiro, interesse, objectivos criteriosos e definidos a medidores exactos de satisfação e qualidade de vida, um mísero indicador vazio de conteúdo e consistência. A nossa função é mantermos o significado produtivo da eficiência no bem comum, competentes no emprego, complacentes na amizade, infalíveis na sociedade. Nas épocas de prova tudo se mede em unidades de avaliação, e no caso de excessos ou desleixos somos preteridos em prol de um outro número mais favorável, na relação qualidade preço. A fronteira entre sermos gente ou só gestores mora aqui, na vertente emocional que consigamos impelir aos actos. Curiosamente, exactamente a mesma que nos torna vulneráveis à acção conjunta da administração mundial.
À primeira vista é uma visão impiedosa, CF, demasiado crua, mas nem por isso menos verdadeira. A "vertente emocional" de que fala é que baralha tudo e nos salva, concordo consigo, mesmo quando tantas vezes nos trai. Com tudo o que isso tem de bom e mau...
ResponderEliminarBeijinho
A humanidade é crua Isabel, não há que ter medo de a olhar como ela é. A vertente emocional é o pau de dois bicos que permite que o mundo seja um lugar possível, não fosse ela, e já teria secado. Perigoso será se com medo recolhermos...
EliminarUm beijinho para si também.
Mesmo CF....infelizmente :(
ResponderEliminarÀ vezes fico com dúvidas se a vertente emocional me ajuda a sobreviver com alguma dignidade, ou se só atrapalha por não me deixar ser parte integrante desta sociedade de números .
Eu sou, como todos nós, uma parte integrante, é claro(!) , mas contrariada.
A frieza dos números faz vitimas mesmo ao nosso lado e … nada se passa! No minuto seguinte está tudo igual ao minuto anterior. Houve um sobressalto de um minuto enquanto a vitima caiu.
Incrível como nos adaptamos a esta realidade.
Ajuda Maria João, claro que sim, é a principal responsável por conseguirmos viver neste mundo... Cultivar essa vertente a um nível mais abrangente seria um remédio prudente, mas eventualmente impossível. A frieza dos números seria necessária se não se tivesse massificado ao ponto de se tornar um estorvo sério para a humanidade, mas a verdade é que me parece que o caminho é um tanto ou quanto irreversível. Às vezes e em alguns dias. Noutros, estou de tal forma crente que julgo possível o recuo até ao sensato... :) Será??
EliminarNão CF. Eu tenho mais esperança no mundo, à medida que caminho na idade. É que encontrei ao longo da minha vida seres excepcionais, que nunca me desiludiram. E os que desiludiram já eram assim. Eu é que não via. Ou não queria ver, que é um direito que assiste a todos. Como o de fazer disparates.
ResponderEliminarSabe? O problema maior reside em nós, que nos projectamos sempre naqueles que amamos. E não devíamos...
Abraço
Não falava propriamente de amor Helena, falava sim da mecânica do mundo, que me parece funcionar de forma demasiado racional e matemática, especialmente no mundo profissional e social. Também já encontrei muita gente boa e ai de mim se não fosse esse o caso. É claro que existe emoção, é claro que há excepções a confirmar regras, o que há escala mundial significa muitíssima gente. A questão central talvez seja de facto alguma desesperança, como de resto diz, fruto de inúmeras questões. Velem-me portanto vozes experientes que me vão chamando para a esperança da vida. A sua, como algumas outras, infelizmente não tantas quanto eu precisaria... Também por isso, vai um abraço para si também. :)
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