© Paulo Abreu e Lima

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Sem comentários (se os fizesse mandava-a para um sítio muito feio)

O Tribunal da Relação revogou a decisão do Tribunal de Execução de Penas, ordenando a libertação condicional, com efeitos imediatos, de Isaltino Morais. À saída do Estabelecimento Prisional da Carregueira, segurando um saco de plástico preto do lixo com os seus pertences, visivelmente mais magro, agastado e corado, Isaltino, rodeado por repórteres, titubeava fugidio sobre o valor da liberdade. Uma das jornalistas, não resistindo à cretinice, bolçou uma pergunta:

« - Nós estamos a ver que está mais magro... andou a fazer ginástica? Vai continuar a fazer?»

2 comentários:

  1. Eu vi e ouvi. É o jornalismo que temos...
    Antes não havia liberdade de imprensa. Hoje não sabemos o que fazer com ela. Ou antes, sabemos ser cretinos. Livres, claro!

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    Respostas
    1. Isaltino continua a saldar as suas contas com a Justiça, não estou a amenizar a sua culpa. Se usou até ao limite de todos os recursos legais para prescrição de outros crimes, não é problema dele mas das leis processuais que temos, as que beneficiam quem pode pagar a bons advogados.
      Quanto à "ginástica", era sobejamente conhecido e foi amplamente noticiado que o senhor andava a fazer exercício físico. Se por si só não constitui "informação relevante", perguntar se, agora em liberdade condicional, vai continuar a fazer é cretinice. Depois queixam-se que os jornais estão a despedir pessoas, ou as televisões generalistas estão a perder audiências para as por assinatura. As pessoas são livres de querer não ver jornalismo de sarjeta!

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