© Paulo Abreu e Lima

quarta-feira, 9 de julho de 2014

saldos

Ganhe a sua auto-estima é o que as revistas apregoam, os outdoors publicitam, os psicólogos vendem em pregão ou em pequenas notícias construídas com o intuito da venda da vida fácil, da aceitação social, profissional e afectiva, como se a mesma fosse por si só determinante. Terá voz activa, pois com certeza, será com o filtro dela que nos olhamos, nos construímos, acreditamos ou não naquilo que somos, sempre aliado aquilo que julgam de nós. O que me incomoda nem é bem isso, todos têm o direito de vender auto-estima como quem vende pão, vende carros ou vende roupa, a vida é um negócio, o ser humano uma construção, o que se sente uma reacção. O que me parece imprudente é a crença no estado crónico da aquisição, isso sim uma tremenda fraude. Um contructo do género não é estanque, linear, permanente ou constante. O conceito em causa é mais um menos como uma ondulação, um dia em cima outro em baixo, uma hora nasce na outra morre, numa cresce, na outra rebenta, de frente, de estalo, em partilha ou em retiro solitário. A quem compra, e posto isto, aconselho sempre moderação. A caixa de pandora não existe, milagres ponho em questão, e estados perfeitos vendidos a preço de saldo, também me parece que não.

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