© Paulo Abreu e Lima

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Língua viva

Soube que determinada pessoa me achou excessivamente educado, que já não existem pessoas assim. Caríssima pessoa – que antes de pessoalmente a conhecer já lhe tinha apreço –, sou quase sempre educado por natureza, cerimonioso até para com quem mais considero, agora, excessivamente educado, não. Não existe, não se aplica, nem sequer é figura de estilo. Na educação, como em poucas outras coisas, tudo o que se diz excessivo constitui ou um erro ou uma impossibilidade. Se assim não fosse, advertiria então que em certos sítios e com uma única pessoa, sou excessivamente ordinário. E isto já, sim, é excesso de certeza, com toda a possibilidade.

10 comentários:

  1. Também não conheço excessivamente educados, mas excessivamente adaptativos, como forma de agradar e de serem muito apreciados, sim. E depois há também os descrentes, que conhecem alguém educado no meio de tanta má educação e acham que aquilo cheira a esturro :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ser bem educado não carece de gradativos. Ou se é, ou não se é. Ponto.
      Quanto aos desconfiados, não sei... na sociedade actual todos devem ser avisados, mas, sim, também há a instrumentalização ou mau uso desse predicado, ou melhor, muito gato por lebre :)

      Eliminar
  2. Paulo
    Não sei se estou de acordo consigo. Creio que se pode ser "educado" e "muito educado" estabelecendo graduações, a partir do que se considera - diferente consoante a escala social - uma educação tipo. De facto, um homem que abre a porta do carro a uma senhora é educado. Mas o que, à despedida, lhe beija a mão já pode classificar-se "muito educado".
    Excessivamente educado é que nunca, embora haja quem considere beijar a mão de uma senhora, um excesso de educação!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ó minha querida Helena, desde quando beijar a mão de uma senhora à despedida é um excesso de educação...? Beijar a mão de uma senhora, à despedida ou à chegada, é um abuso, para não dizer uma javardice (pardon my french)! Já viu a quantidade de micróbios inoculados na perfumada pele da mão de uma senhora por uma qualquer boca vadia...? Eu "beijo a mão", sim, mas inclinando suavemente a minha face e nunca almejando tocar em delicada pele. Até, na loucura do momento, posso genuflectir, mas jamais tapar-lhe os poros...

      Da próxima, eu explico como faço :-))

      Eliminar
    2. Ah!Ah!
      Só essa explicação microbiana o salva. Mas veremos na prática...

      Eliminar
    3. Sim, veremos na práxis - aristotélica ou sartriana para subsequente acção comparativa... :-)

      Eliminar
  3. Em tempos uma amiga minha disse-me quase o mesmo que eu era demasiado educada para lidar com certo tipo de gente. Referia-se a alemães, que , em geral, são brutos e detestam a subserviência.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olhe que não, Virgínia. Eles até lucram com a subserviência financeira e tudo...

      Eliminar
    2. Sim, mas pessoalmente não gostam de ver clientes demasiado submissos ou educados. Em Inglaterra é o contrário, são paternalistas e duma educação esmerada com os clientes, sobretudo no Yorkshire, que é onde vou mais. Aí nunca me sinto demasiado educada, eles ultrapassam-me pela direita!!!

      Eliminar
    3. Por aqui, nem pela esquerda!

      Eliminar