© Paulo Abreu e Lima

domingo, 3 de agosto de 2014

pausa

Temos tendência a acreditar em nós. Temos tendência a sentir que de nossa força depende o mundo, o que construímos e o que derrubamos, o que escolhemos e o que perdemos. Quando assim não é, ou seja, quando a vida escolhe por nós os passos que não queremos, temos tendência à fé. A fé não é mais do que uma entrega, nossa ou de alguém, numa força que queremos muito que exista, além corpo, além mundo, além céu. Uma força que nos pegue quando caímos, que nos guie quando nos perdemos, que nos faça viver quando quase morremos. Normalmente é quando não nos bastamos que nos entregamos, e o que vem daí em diante parece acontecer por divindade, seja aquilo que for. Se for bom é milagre, se for mau é o percurso da vida. Aceito-o mais do que a qualquer coisa, sou obrigada a isso, mas não aprecio. Viveria muito bem com a constância da existência, uma não vida e uma não morte, mesmo correndo o risco, óbvio, de nunca por cá ter passado. Que interlúdio idílico neste humilde blog. Como se fosse possível o delírio que acabei de escrever, encabeçado pela fantástica sensação de sentir sem existir. 

Sem comentários:

Enviar um comentário