© Paulo Abreu e Lima

sábado, 2 de agosto de 2014

símbolo

O símbolo é que nos dá o rumo. É o que constrói a nossa perfeição de existência, coisa totalmente impossível se não acreditarmos nele como a supremacia no nosso eu. É simples e claro: uma árvore pode ser só uma árvore ou pode ser um prazer, um animal pode ser só um animal ou pode ser uma companhia, um doce pode ser só um doce ou pode ser um conforto, uma chuvada pode ser só uma chuvada ou pode ser um alívio. Uma pessoa, uma pessoa pode ser só uma pessoa ou pode ser um amor, um amor pode ser uma vida ou pode ser uma morte, uma morte pode ser o medo ou pode ser uma vontade, uma vontade poder ser uma fé ou pode ser uma urgência. É por isso que quando escrevo, escrevo de alma e coração. É por isso que quando escrevo, escrevo de mim e do que o mundo é para mim, é por isso que quando escrevo as palavras me pertencem, são a minha realidade, o meu sentir, as minhas circunstâncias e a minha existência. Quem rouba palavras alheias não tem noção da exposição a que se sujeita. Quem rouba palavras alheias usa a vida interna de alguém para expressar a sua, como se a sua fosse um corpo vazio a necessitar de outras para ser também. Bem vistas as coisas e julgo que quem rouba vidas também terá pertinências para contar, nada nem ninguém existe no mundo ao acaso. Sendo assim, se o problema é a expressão, aconselho a sentir primeiro o que lhe escorre dos dedos, em vez de sorver os outros e aproveitar o que lhe convém. Experimente cheirar o Verão e respirar as pessoas, olhar os contornos e arrumar o que encontra, destilar as experiências e transformá-las nos seus símbolos, a deitar cá para fora o que é seu, e não o que nem sabe o que é. Vai ver que é capaz, que tudo o que escreve passará a pertencer-lhe, e ainda que daí em diante, qualquer assalto ou usurpação irá causar-lhe desconforto (não há fraude maior do que tentarmos incorporar  uma outra identidade). 

(Agora experimente plagiar mais este texto. Até lhe perdoaria que me roubasse algumas ideias, mas nunca se esqueça que as minhas avós são minhas, jamais serão suas. Jamais.)

PS: Obrigada pelo alerta, mãe preocupada.

4 comentários:

  1. Pergunto-me com que sentimento fica alguém que escreve algo de outra pessoa, tomando-o como seu? Depois de publicar e fechar o computador, que pensamentos lhe ocorrem? Só consigo imaginar vergonha ou embaraço dentro de si próprio mas nada disto levaria ao sucedido. A única forma de ter uma referência do que se trata é lembrando-me dos mentirosos compulsivos. Sentem-se tão mal gostados e desprovidos de valor que necessitam de criar uma imagem qualquer que acham que os valoriza. Não esqueço o exemplo real de uma rapariga que após o elogio de uns quadros que tinha lá por casa, orgulhosamente dizia que o namorado os tinha pintado. Pouco depois descobriu-se que eram do IKEA, dezenas deles à venda em exposição...Este tipo de plágio deve ser algo parecido a isto, já que não é sequer com o propósito académico ou profissional (o que também é péssimo mas remete para outras coisas). Olhe, chega a dar pena...

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    1. Qualquer um é péssimo, como diz, mas a importância do propósito é realmente importante. Aqui não há objectivo visível a não ser usurpar compulsivamente palavras de outras pessoas, uma vergonha... A razão? Haverá alguma, com certeza, mas honestamente nem sei qual. Os roubos em questão são tão descarados, que a descoberta podia bem ser possível (como foi)... No final de tudo, deve restar apenas desconforto...

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  2. CF desculpe o meu atrevimento mas só me ocorre uma palavra para o sucedido...Estupidez!!! E podemos misturar com falta de caracter e má formaçao, misturadas com muita vaidade. O que dá um resultado muito mau!!!
    Há realmente pessoas capazes de tudo :-( triste!

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    1. :( triste e profundamente ignorante...

      Um beijinho Maria João

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