© Paulo Abreu e Lima

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Nivelar por baixo

A parábola do ouriço-caixeiro (prefiro chamar-lhe apólogo) tem servido para ilustrar muita coisa. Para mim foi das poucas demonstrações de bonomia que a soturnidade de Schopenhauer permitiu. A afectividade intensa e prolongada contém bem mais que uns dissabores, não sendo necessário exercitar o pessimismo para concluirmos que é letal. Já o afastamento depende muito mais da compleição do indivíduo, principalmente se estiver em causa a sua dignidade. Sozinho, mas fiel a si próprio sempre é uma solução. As meias distâncias, essas sim, são puro egoísmo. Se virmos bem, um egoísmo miserabilista: retira da pequena dor algum prazer e vice-versa. E é consabido que nem sempre as pequenas doses são profilácticas.

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