© Paulo Abreu e Lima

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

A dor do regime

Compreendo profusamente as reacções de incredulidade de quem confiou o seu voto, comungou dos mesmos ideais políticos, preconizou uma estratégia de desenvolvimento económico expansionista alicerçada em grandes obras públicas como modelo de crescimento, acreditou nos ideais sociais e nos tiques pessoais de bem vestir roupa de marca. Compreendo, ainda, quem não tenha resistido ao sexiest man, ao cute&chic blasé e ao facilitismo e porreirismo nacionais. Afinal estamos a falar de mais de dois milhões e meio de fãs. Impõe respeito, mas podia ser só o maluquinho aqui do bairro, que consideraria de igual forma. Contudo, entendo melhor os amigos, os políticos amigos, os empresários dos amigos e os beneficiários amigos. E com isto nem sequer falo do sofrimento da família de sangue e dos mais chegados, do inner circle afectivo totalmente alheio.
 
Mas não alcanço quem vê nisto, e nesta série de acontecimentos dos últimos meses, um problema de regime. O que é isso de Regime? A República? O Estado de Direito? Nada disso. O Regime é uma espécie de osmose entre o sistema político e o económico – pela qual se pauta toda uma sociedade – em que, sujeitando-se um ao outro, nunca se devem liquefazer. E quem assegura essa intransponibilidade? A Justiça, essa mesma sempre tão criticada, que nos acautela presentes e futuros actos e tentativas de contaminação. Enquanto assim for, o Regime está de boa saúde e recomenda-se. Doa a quem doer.

11 comentários:

  1. É-se preso por ter cão e por não o ter....

    Se Sócrates continuasse cá fora a fazer trafulhice ( ele e outros), era porque o regime estava podre e a justiça comprada. Assim, lá vem a teoria da cabala, da vitimização ( hoje bem expressa por Mário Soares, que está senil e enterra ainda mais o partido), da "vergonha" dos media ( que são tão bons que até dão cobertura a estas criaturas), das tenebrosas intenções dos magistrados manobrados por não sei quem, nem como!!
    Não vale a pena ouvir esta gente, nem sequer querer entender os seus comentários. Só queria ver nos governantes um sério propósito de salvar este país e este povo. Mas não, o que vejo é gentinha a querer protagonismo à viva força!
    O que não sentirá o meu filho que passa 12 horas num tribunal sem serões nem fins de semana ao ler estas notícias?

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    1. Virgínia
      O seu filho é juiz. Foi treinado para isto e muito mais. E você deve orgulhar-se dele e disso.
      Quem sofre é você. Creia que a compreendo muito bem. Porque só sabe o que se passa no convento quem vive lá dentro!

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    2. Paulo
      Antes era a situação. Hoje é o regime. Amanhã situação e regime passarão a ser a mesma coisa!

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    3. Virgínia,

      Só ontem. a altas horas, vi a figura de Mário Soares. Pergunto: ele não tem família que o proteja? É que qualquer dia, a continuar assim, ainda leva com muitos processos em cima, tendo 90 ou 100 anos.

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    4. Helena,

      Não serão, com certeza, todos assim, mas há um certo PS que lida muito mal com a Justiça. Talvez na linha do MS: "Ó Senhor Guarda, desapareça!!". O Regime, como a Justiça, varia, para muitos, conforme a situação...

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    5. Paulo
      Estamos inteiramente de acordo. Ainda há pouco ouvi a pitonisa Ana Gomes e pergunto porque é que a família não a resguarda, sendo como é, casada com alguém que, ao que me dizem, é um diplomata respeitável.

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    6. Sabe com certeza que muitas vezes as maiores inimizades estão na própria família. Quanto ao marido diplomata, sabe lá se ele não passará a maior parte do seu tempo a resolver os conflitos (diplomáticos) da senhora sua esposa.

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  2. cute&chic&sexiest&man??
    Nunca achei piadinha nenhuma ao senhor.... credo que aquilo é só peçonha da má ://

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  3. Nem mais Paulo. É mesmo isso. E é simples. E sendo tão simples nem dá para entender como há pessoas que não entendem ( deve ser o meu lado impaciente a funcionar ;) )
    Parece que em certas ( e muitas! ) pessoas, as palavras saem directas do coração para a boca, sem passarem pela cabeça. Será ?!


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    1. Compreendo-as enquanto amigas, "apaixonadas", vá lá, profundamente crentes. Não percebo a parcialidade da maioria dos comentadores, ou como dizia o falecido Pôncio Monteiro, a generalidade dos paineleiros, em que as suas opiniões, tal qual a Maria João diz, deviam passar primeiro pela cabecinha.

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