© Paulo Abreu e Lima

domingo, 4 de outubro de 2015

luz

Tenho mais meia dúzia de horas, grosso modo falando, para terminar a reflexão que insiste em não pender para lado nenhum. Direita, esquerda e centro, nada me diz coisa nenhuma no que toca à esperança. Lembro-me sempre do exemplo dos que detêm a sábia experiência do conhecimento já vivido, que me indicam o meu coração como o melhor conselheiro no caso da dúvida. Entretanto, e na continuidade da indecisão apesar do meu coração, decido dar azo a afazeres de casa antes de me aventurar por entre um sem número de engravatados, que me esperam com sorrisos falsos nas mesas do voto. O meu País está presentemente entregue à facilidade da incompetência, na política e em muitos outros locais. É mais fácil escolher ao jeito do que à lógica, dá mais troco colar de encosto do que lutar contra a maré, é muito mais proveitoso escapar com ligeireza à obrigação, do que cumprir com convicção. O difícil, acabo por concluir, é virar a engrenagem que corre sem modos por um trilho comprido e infindável de um venha a nós abjecto. A política deixou de ser séria quando deixou de ser um serviço social, tal como qualquer outro bem de consumo que perde qualidade quando se massifica a produção. Nem todos nasceram para governar um povo, para isso é preciso escutar, como dizem os sábios, o coração colectivo. A razão nesta coisas tem muito pouco a dizer, serve simplesmente como orientação necessária, no fundo como no amor, como no crescimento, como na crença, como na vida em geral.

6 comentários:

  1. Descreve exatamente o que sinto. Eu não teria dito/escrito melhor. O que votar quando já deixamos de ter esperança?

    Um beijinho, CF, e um bom domingo

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    1. Pois é Miss Smile. Já cumpri o meu dever, sou incapaz de não o fazer... Mas com muito pouca crença e quase nenhuma fé... :(

      Um beijinho para si.

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  2. Cansa-me que grande parte dos que votam tratem os partidos como se fossem clubes de futebol. Daqui a pouco estão a gritar golo ou não conforme os resultados... que a descrença não nos demova de lá ir, sempre, nem que seja na ideia de que um dia será diferente (porque é essa a descrença que também sinto).

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    1. Não há como não senti-la, julgo eu... Uma pena este generalizado sentimento... :(

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  3. A facilidade da incompetência também se tornou global, CF. Infelizmente. Não é só no nosso país e não é só na política ...
    O esforço para ser optimista e "avistar" um pouco de competência é muito grande. Demasiado até.

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    1. Concordo Maria João. Infelizmente, é quase uma miragem num deserto...

      Um beijinho

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