© Paulo Abreu e Lima

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Abluções (5)

Curto e grosso: sou alérgico às exibições de vaidade e pesporrência. Ficava-me melhor afirmar que lhes sou indiferente, mas faltava à verdade. Aos que se (e)levam despudoradamente a sério requisito um perímetro de distância. A suficiente para me deslumbrar com a humildade e simplicidade dos demais. A sabedoria reside na lhaneza das pequenas perguntas; jamais no ruído das grandíloquas respostas.

10 comentários:

  1. O convencimento anda junto com a arrogância, formas desprezíveis do nosso ser..mesmo de quem tem motivos para isso a humildade é muito bonita,pricipalmente nas mulheres.. 8))

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    1. Nas mulheres, nos homens, nos hermafroditas, transexuais, whoever.

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  2. Confesso que as respostas eloquentes, as cassetes gastas e reproduzidas até à exaustão, muitas vezes, indiferentes à pergunta do momento, me passam ao lado. Já me aborreceram e irritaram. Agora, não perco muito tempo a ouvi-las, não perco tempo com quem se julga imortal. Eu, que não me esqueço que um dia vou morrer, prefiro aprender com quem é verdadeiro. Mas o nosso sistema hipervaloriza as respostas de peito inchado que, na maior partes das vezes, a nada respondem. Repletas de redundâncias e lugares-comuns, empobrecem a linguagem, servindo apenas para envaidecer quem acha que tudo sabe e já nada precisa de aprender. E este é o caminho mais fácil, por oposição à simplicidade, que é difícil, porque a simplicidade se faz de perguntas e é nas perguntas, ou seja, naquilo que nos é essencial, que estamos irremediavelmente sós. No entanto, é ela que nos permite apreender melhor a complexidade que a vida representa. Se nos entregarmos a ela, temos de esquecer as programações estudadas, a eloquência dos artifícios. Temos de mudar de lugar, de olhar, de sair da nossa zona de conforto. Temos de ter a humildade de ouvir e querer aprender uns com os outros. A simplicidade torna-nos mais vulneráveis, é verdade, mas eu acredito que nos torna também mais sábios. Nós estamos onde estão as nossas pequenas perguntas. Ouvi-las e acolhê-las é viver em amizade connosco próprios. É, também, saber estar em silêncio, longe do ruído que nos rodeia. Uma árvore que cai é sempre mais ensurdecedora que uma floresta inteira a crescer.

    Um beijinho, Paulo :)

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    1. A sociedade liga muito à imagem exterior, à assertividade das palavras que enchem a boca e vestem personalidades. Na política encontram-se essas personae aos magotes, é o estilo, dizem. Fazer pequenas perguntas não enche o olho, é para a maior parte sinónimo de insegurança. Confunde-se frequentemente simplicidade com simplório. Contudo, essas mesmas perguntas podem desarmar qualquer pavão, cortar cerce qualquer fita de cassete, arruinar todo um espectáculo bem encenado. Ainda não consigo ignorar porque me atenta a inteligência, me faz pruridos aos tímpanos e me desconcerta a crença no outro. Tolero a ignorância, mas destroça-me a burrice. A estupidez é muito atrevida.

      Beijinho, Miss Smile :)

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  3. Paulo
    Pois eu, que estou muito cansada dos pseudo génios, começo a ter algum cansaço dos que se querem armar em simples, aqueles que nunca sabem ou têm opinião sobre nada. Entre os dois vá o diabo e escolha. Porque, simples autênticos, são pérolas raras de encontrar...

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    1. Ah pois são uma raridade, mas ainda os há.
      Já os que se querer armar em simples não passam de vaidosos pesporrentes camuflados de uma suposta simplicidade que lhes assenta mal à distância. Porventura, serão até mais insuportáveis que os assumidos diletantes pedantes...

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  4. Olá Paulo, fotos fabulosas por aqui.

    Beijo e feliz semana

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  5. Sejamos verdadeiros. Ponhamos de lado inúteis vaidades ou falsas modéstias. O mundo é propício ao fingimento talvez porque as aparências sejam valorizadas em demasia.

    Bom fim-de-semana, Paulo :)

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    1. E porque será, Maria? Valorizadas por nós ou pelos outros? Ou por todos e ninguém grita que o rei vai nu?

      Boa semana, Maria :)

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