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(autor não identificado) |
Sinto em ti uma poesia acróstica que me descodifica serenidade e tranquilidade por cada estrofe, por cada soneto, por cada página da minha vida. O registo não é métrico, mas a rima queda-se emparelhada por tudo aquilo que vimos, vivemos e sonhamos ainda viver. Versos de ânimo contido e, quantas das vezes, perturbador; laços reais assentes naquilo que com tanto afecto edificámos. Agora, já não há fantasmas nem fumos ou espectros, mas veracidade em toda a linha. Disse tranquilidade? Sim, na que possa existir quando todo o meu corpo se contorce de euforia desequilibrada, tal cãozinho sem pedigree, por cada vez que me chamas e repetes mimalho. Escrevi serenidade? Claro, nas gargalhadas que me impões quando, castigadora, profanas o meu mau inglês oxfordiano, apelidando-o de língua de ameríndio muscógui. Falei em veracidade? Correcto, no embaraço machista com que me licencias em arquitecto de interiores por te imitar em falsete frases tuas, soltas, que replico. E com tudo isto – e isto não é pouco – não só me provocas e alicias, como, enternecido, adocico e transijo sereno ao teu colo. E só tu sabes o quanto preciso dele, nas tuas palavras, nos teus braços, no teu corpo. Em cima de mim, entre o balancear ritmado e a edacidade dos nossos poros, contas-me verdadeiros segredos de estado com o mesmo à-vontade com que me trauteias bossa nova (só tu sabes o quanto gosto de Nara Leão); calcorreias a ponta da tua língua por debaixo da ponta da minha (tal como te peço) e me vexas, delicada, a minha intumescência parva de adolescente. Mas também mencionei perturbador e contido, logo esses, porventura, os maiores de todos os nossos antecipados medos. A par do da ausência, da humana precariedade e da vertigem maior. Do fim.
Paulo
ResponderEliminarSenti um calor aqui...
Sem medo de ser feliz. Lindo
Beijinho
Lucia
O amor - será? - veste-se de roupagens muito diversas.
ResponderEliminarNo fim resta o medo, sempre o medo, do fim!
Sou seguidora assídua do Fio de Prumo. Seguidora silenciosa!
ResponderEliminarDe lá cheguei aqui! E que aqui...!
Como gostava de ter palavras para alguns dos textos, frases, palavras ... sentimentos ... que aqui li e vi.
Anónima Silenciosa,
ResponderEliminarVem do local certo, mas não sei se chegou ao local mais politicamente correcto...
Helena,
As roupagens estão no nosso corpo e cabeça; o amor(?) não!
Abreijos
Lucia,
Sou modesto: enquanto tiver saúde serei sempre feliz. Obrigado!