© Paulo Abreu e Lima

domingo, 8 de dezembro de 2013

homenagens

Gosto de homenagens post mortem como quem gosta de chocolates. Alimentam-me um conhecimento selecto da pessoa em questão, inteiram-me da grandeza por vezes desconhecida, dão-me a conhecer vida e obra de pessoas importantes que o mundo acolhe de braços abertos, faz-lhe muita falta personalidades respeitáveis, de pequenas está tudo cheio. Aprecio-as um bocadinho mais quando sentidas e ditas com frases que podem ser simples mas que acolhem na vastidão das palavras um sentir de admiração, que vale a pena ler, porque é sempre bonito ler palavras bonitas. As declamadas no preceito do politicamente correcto soam-me a livrinhos de venda fácil, agendas de ditos milagrosos, fracas figuras, não me servem para nada. É que uma coisa é escutar sentires, outra é ouvir compilações de palavras que estão soltas do corpo, só para inglês ver. Mas o que não suporto mesmo são as sensações egoístas de perdas irremediáveis, quando o que aconteceu, e na presença de pessoas realmente valiosas, foi um ganho inenarrável. A verdadeira homenagem seriamos nós, pessoas normais, tentarmos chegar perto do ideal, que afinal é possível ser. O resto, e se for só, morre nos dias que passam, definhado nos corpos que apreciam o belo, mas que estão demasiado ocupados para procurarem o bom. Ser bom, deve difícil. Digo eu na ignorância, claro.

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