As mulheres e os homens são iguais e são diferentes. São um
corpo construído sem preceito de arquitectura, uma mente projectada sem o rigor
da matemática, uma construção genética aprimorada por dominante e recessivo,
ora mandas tu ora eu, dependendo da conjuntura e da carga imponente da possível questão. E dos astros e das vontades e da hora da concepção. No
final do encontro chegamos à definição inicial que norteia o caminho incerto,
entramos no cubículo reservado a sermos, fechamos a identidade dentro de um
local secreto, todos diferentes e todos iguais. Mas o mais certo, o que sinto
como sabido, o que me acrescenta e diminui enquanto pessoa que sou, é a
diferença que encontro na minha condição. Não me incomodam os movimentos
feministas que apregoam a igualdade a todo o custo, não me perturba a
insistência da paridade entre o que para mim é diferente, entre um género e o
outro, entre uma pessoa que nasce num corpo homem e outra que surge num corpo
mulher. A única coisa que insisto é no respeito e na tolerância, no resto sou
diferente, e se a sociedade me exige o contrário sinto uma enorme invasão. Ninguém
consegue ser os dois géneros ao mesmo tempo. Ninguém consegue o primor de um
lado e a sensibilidade do outro, a compreensão de um lugar e a ligeireza da
desordem, o amor e a autoridade, tudo, num corpo só. Um corpo não é um local
onde cabem todas as demandas do mundo. O corpo é o sítio onde crescemos numa
direcção.
Bonito texto, CF.
ResponderEliminarObrigada Maria João...
EliminarUm beijinho, bom fim de semana.