© Paulo Abreu e Lima

domingo, 13 de julho de 2014

reflexão

Decorre o período de reflexão do ano lectivo. Há sol, um pouco de vento, férias ainda grandes e pouca vontade de recomeçar. Reconheço os sinais de alerta a léguas de distância. Nunca finjo que não os vejo, prefiro sempre olhá-los de frente, percebê-los, contorná-los, se for caso disso. Às vezes dá mostras de não ser. Às vezes trilham-se caminhos onde parece não haver regresso, vidas que aparentemente morrem novas, histórias que se perdem algures num beco que nunca ninguém viu, mas que sabemos que existe. A meio do percurso a sociedade brinda-nos com a escola e ditam as regras, a família e o mundo, que é esse o caminho para se ser gente. Nada mais falso. É parte do caminho, não é o caminho. Ainda assim, e conservando a sua fulcral importância para o desenvolvimento pessoal de cada um, é preciso ter cuidadinho. Porque se é fácil para uma criança "arrumada" no seu lugar perceber a importância da escola (e mesmo assim pode não ser), numa criança "fora de sítio" isso pode não fazer sentido. Nós vivemos, crescemos, amamos e aprendemos a fazer sentido. É o que nos faz sentido que nos transporta além fronteiras do corpo, que nos permite excedermos o que julgamos ser capazes, que nos possibilita a entrada no mundo da ambição. Mas a vida nem sempre se comporta, nem sempre nos paga o que nos deve. E nessa altura, sejamos crianças, adolescentes, adultos ou velhos, deixamos de acreditar no que quer que seja, mesmo que o que quer que seja nos chegue por teorias matemáticas irrefutáveis, proferidas por mestres maiores, ensinadas por regras universais que o mundo aclama calorosamente como certas, precisas, concisas e verdadeiras. Os jovens também conhecem verdades e limitações. Também sabem ensinar, também sentem, também manifestam revolta, e acima de tudo ainda conseguem sonhar. Há quem diga que não é assim. Há quem afirme de forma peremptória a inexistência de grandes divagações em prol da educação. Há ainda quem defenda ser esse o único caminho para moldar disciplinas e orientar autoridades. Não concordo, não posso concordar. Ora leiam. 

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