© Paulo Abreu e Lima

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Julgar

A propósito da prolixidade de muitos escritores, Schopenhauer cita Voltaire: "O adjectivo é o maior inimigo do substantivo". Eu, que não sou autor, mas adjectivo a torto e a direito, tendo a concordar: muitas palavras e poucas ideias é uma bela perda de tempo. Devemos ser, tanto quanto possível, claros e concisos na escrita. Como as pessoas, as palavras necessitam de mais acção e de menos julgamentos.

12 comentários:

  1. "Devemos ser, tanto quanto possível, claros e concisos na escrita".

    Depende, Paulo, há muitos tipos de escrita e muitos registos diferentes. Cada um segue as suas normas. Estás a imaginar um poema sem adjectivos ou metáforas, claro e conciso?

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    1. Tudo depende do estilo e cada um tem o seu. A citação de Voltaire não deve ser levada à letra, neste caso ao adjectivo. O que se deve depreender da sua frase é que muitos escritores perdem-se e emaranham-se em tantos floreados que bem exprimidos não sai uma ideia de jeito.

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  2. Espremidos, penso eu querias dizer.....:)

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  3. Não sei Paulo. Talvez por 'defeito' profissional tenho muita dificuldade em escrever sem ser de forma directa e concisa. Quase como resumos! E sabe, por vezes tenho pena. Gostava de saber 'florear' mais.
    Uma das razoes de gostar deste blog, é porque aqui encontro posts que transmitem ideias/sentimentos 'floreando' q.b.! Digo eu, que pouco sei disto ;-)

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    1. Floreado q.b. concordo, agora gongorismo pomposo é irritante. Numa sociedade carregada de informação, a clareza de ideias e a concisão tornam-se fundamentais. Estou completamente à vontade, às vezes sou tão hermético na escrita que cada um tem a sua interpretação ;-)

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  4. Também adjetivo muito :) E com adjetivos fora de moda, como fabuloso, fantástico, maravilhoso... Mas concordo que é preciso o essencial e deixar para trás o acessório. E clareza é essencial :)

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    1. Acho que sim, sem dúvida. Noutro dia estava a ler um acórdão de trinta páginas só de considerandos... :)

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  5. Os adjectivos, em muitos casos, são uma tentação para as pessoas que escrevem, sendo muito jovens, e que (ainda) se embalam em toadas próximas da estridência de alguns registos orais. Mas, bem mais angustiante do que o uso desse recurso é, para mim, o vício dos pontos de exclamação. E já vi documentos de trabalho, redigidos por chefias, ("gente crescida", em princípio), o uso de 4 pontos de exclamação numa frase. E, quanto a isso, não se pode responsabilizar nem a "inocência" nem o arrebatamento. A natureza é outra. E, constato, elaborei um comentário com muitas palavras e poucas ideias. :)

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    1. Nada disso, estão aqui muitas ideias - escrevo a sério :)

      Quanto ao abuso dos pontos de exclamação admito que lhes possam faltar palavras suficientemente veementes para se absterem de farta utilização. Olhe, tal como a utilização de reticências... ou pretende-se uma pausa prolongada (uma espécie de auto-reflexão), ou quer-se fazer subentender ideias para as quais faltam palavras.

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  6. O silêncio tem o perigo dos mal entendidos, mas o facto é que cada vez mais, a palavra dita só por dizer, tem cada vez menos importâncias. Já diz o ditado que "palavras leva-as o vento" e é bem dito. Não se aja conforme, e vale bem a pena o adjectivo mais belo e o substantivo mais profundo...

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