© Paulo Abreu e Lima

terça-feira, 28 de abril de 2015

Sol de Abril

 
Às vezes queremos sangue para não sentir o sabor do sal das lágrimas contidas. Outras, sorvemo-las até sararem as feridas auto-infligidas. A maior contradição, e aflição, da raiva é esta ser "um veneno que bebemos esperando que os outros morram".

12 comentários:

  1. Todos nós um dia já perdemos a cabeça e quisemos ver sangue onde 'bastavam' lágrimas, esse líquido milagroso feito de nós mesmos...
    Esta sua fotografia parece irreal... ou é uma pintura?...

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    1. Costuma-se dizer que as lágrimas lavam a alma e o "sangue" suja o corpo (acrescento eu).

      A foto é obviamente real, depois do pôr-do-sol. O interessante da foto está na cor viva com que as nuvens de cima ficaram. Em cinco minutos chovia torrencialmente.

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  2. Tudo um pouco "negro"... Mas a fotografia é linda!
    E lembrou-me um poema de Mário Dionísio: "Estamos sentados sós cobertos de silêncio gravemente olhando /o que de tantos anos gentes e lugares ali se vão juntando / numa presença oculta e muda onde começa agora sim a solidão."

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    1. Ponha negro nisto, Isabel.
      A começar pela foto, passando pela frase e acabando na música. Mas olhe que o poema de Mário Dionísio não fica nada atrás, caramba... :))
      Coisa estranha esta nossa da beleza viver na tristeza, não?

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    2. É o fado, Paulo. Temos uma alma melancólica que, até no profundamente belo, vê um pouco de tristeza. Nada a fazer! ...
      Desde que não se abuse... Que também não há paciência para humores demasiado depressivos. Eu, pelo menos, não sou nada do "spleen"...

      Beijinho :)

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    3. Creio exactamente no contrário: "até no profundamente" triste, vemos coisas imensuravelmente belas.

      Beijinho, Isabel :)

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  3. E “Enquanto houver um louco, um poeta e um amante haverá sonho, amor e fantasia. E enquanto houver sonho, amor e fantasia, haverá esperança.” :)

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    1. Ou seja, enquanto houver um louco, um poeta e um amante, haverá "mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar a nossa vã filosofia." :)

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  4. Olhe Paulo, outras vezes rimos das lágrimas choradas e das raivas reprimidas...porque o tempo altera tudo!
    A vida é tão curta que aquilo que ainda me causa alguma raiva são as lágrimas que não valeram a pena. Mas isto, só a idade ensina.

    Abraço

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    1. E eu espero ter ainda algum tempo para aprender como se fosse muito burrinho :-)
      Abraço, Helena.

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  5. Um espaço no qual a terra toca o céu e vice-versa. Um espaço de amor, ainda que nostálgico.
    (maravilhosa foto)

    Boa tarde, Paulo. :)

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